“Falei para o BNDES: vocês vão ter que nos financiar”
Quando a JBS anunciou simultaneamente, em 16 de setembro, a compra da Pilgrim's e a fusão com o grupo Bertin, o mercado passou a desconfiar de que havia algo errado. A versão que mais circulou era de que o BNDES teria aportado os US$ 2 bilhões em troca do "socorro" ao Bertin...
Quando a JBS anunciou simultaneamente, em 16 de setembro, a compra da Pilgrim’s e a fusão com o grupo Bertin, o mercado passou a desconfiar de que havia algo errado.
A versão que mais circulou era de que o BNDES teria aportado os US$ 2 bilhões em troca do “socorro” ao Bertin.
Na entrevista de novembro de 2010, os repórteres Raquel Landim e David Friedlander, do Estadão, questionaram Joesley Batista sobre o negócio – que se tornaria ainda mais obscuro com a descoberta da Blessed Holdings.
Joesley acabou admitindo o toma-lá-dá-cá.
“Quando o pessoal veio falar, eu disse que só tinha uma condição: não ia parar o negócio com a Pilgrim”s para comprar o Bertin. Falei para o BNDES, para os bancos: vocês vão ter que nos financiar. Preciso de capitalização, porque o negócio não para em pé.”
O Bertin, segundo conta o próprio dono da JBS, devia mais de R$ 6 bilhões a BNDES e Banco do Brasil, além de Itaú, Bradesco e Santander.
Nenhuma menção ao papel do consultor Antonio Palocci.
Leiam o trecho da entrevista:
O BNDES investiu muito dinheiro no Bertin, que depois entrou em dificuldades. É verdade o banco pediu que vocês comprassem a empresa em troca do empréstimo para comprar a Pilgrim”s?
Existem essas histórias, mas se eles pedissem eu não faria. Era sinal de que tinha um problema grande. Sabe o que ninguém lembra? É que o Bertin tinha R$ 4 bilhões de dívida com Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil. Por que ninguém pergunta: o Bradesco te pediu para comprar? O BNDES tinha R$ 2 bilhões. O fato é que naquele momento ninguém tinha balanço para comprar o Bertin. Eu acho que ajudei o Bradesco, ajudei o Santander. Quando eu converso com o Fábio (Barbosa, do Santander), eu digo: olha, você lembra, né? Eu poderia até levar vantagem em cima disso. Mas eu nunca faria isso.
Mas o empréstimo estava condicionado à compra do Bertin?
Não. Ia comprar a Pilgrim”s de qualquer jeito, já tinha um ano de negociação. Mas para fazer duas aquisições ao mesmo tempo eu não tinha balanço. Quando o pessoal veio falar, eu disse que só tinha uma condição: não ia parar o negócio com a Pilgrim”s para comprar o Bertin. Falei para o BNDES, para os bancos: vocês vão ter que nos financiar. Preciso de capitalização, porque o negócio não para em pé. É óbvio que não esquecemos da posição privilegiada que estávamos. Os bancos alongaram as dívidas em cinco e sete anos. Eles foram obrigados? Não, é negócio.
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