EM RELATO DA PF, LULA DIZ QUE SÓ IRIA DEPOR ALGEMADO
A Polícia Federal encaminhou ao juiz Sérgio Moro um relato detalhado da condução coercitiva de Lula, ocorrida na sexta-feira 4. No documento, anexado aos autos da Operação Alethea, o delegado Luciano Flores de Lima informa que...
A Polícia Federal encaminhou ao juiz Sérgio Moro um relato detalhado da condução coercitiva de Lula, ocorrida na sexta-feira 4. No documento, anexado aos autos da Operação Alethea, o delegado Luciano Flores de Lima informa que a equipe da PF bateu à porta do ex-presidente às 6h.
O próprio Lula recebeu os policiais, que anunciaram o mandado de busca e apreensão. Não havia imprensa e o delegado se preocupou em preservar a imagem do petista.
“Informei ao ex-presidente Lula que deveríamos sair o mais rápido possível daquele local, em razão da necessidade de colhermos suas declarações, a fim de que sua saída do prédio fosse feita antes da chega de eventuais repórteres e/ou pessoas que pudessem fotografar ou filmar tal deslocamento.”
Lula, então, disse que não sairia dali “a menos que fosse algemado”. “Disse ainda que se eu quisesse colher as declarações dele, teria de ser ali. Respondi então que não seria possível fazer sua audiência naquele local por questões de segurança, pois tão logo alguém tomasse conhecimento disso, a notícia seria divulgada e poderia ocorrer manifestações e atos de violência nos arredores daquele local, o que prejudiciaria a realização do ato.”
O delegado então informou que já estava preparado o Salão Presidencial anexo ao Aeroporto de Congonhas, “local seguro, discreto e longe de eventuais manifestações que certamente poderiam ocorrer de forma mais violenta, caso fizéssemos sua oitiva naquele local ou na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo/SP”.
Flores de Lima esclareceu que o mandado de condução coercitiva só seria cumprido se ele se recusasse a acompanhá-lo até o local.
“O ex-Presidente Lula pediu para que o chefe de sua segurança, Tenente Moraes, ligasse para o seu advogado, Dr. Roberto Teixeira, vindo a falar com ele por telefone, informando que a Polícia Federal estava querendo levar ele para o Aeroporto de Congonhas para ouvi-lo e que havia um mandado de condução coercitiva para tanto. Logo depois de ouvir as orientações do referido advogado, o ex-presidente disse que iria trocar de roupa e que nos acompanharia para prestar as declarações.”
Eis a íntegra do relato, que desmonta a versão trágica narrada por Lula à imprensa.
“Às 6h e 30min saímos da garagem subterrânea do prédio em uma viatura discreta, com películas escuras nos vidros laterais, pedindo a ele que se mantivesse em posição atrás do motorista e sem aparecer entre os bancos, pois assim impediria que qualquer pessoa que estivesse na rua conseguisse captar sua imagem.”
“Por volta das 7h e 20min chegamos ao Salão Presidencial do Aeroporto de Congonhas e aguardamos a chegada dos advogados do ex-Presidente, o que ocorreu por volta das 7h e 45min, momento em que mostramos os mandados e permitimos que eles conversassem em local próximo, sem nossa presença.”
“Em torno das 8h o ex-presidente e os advogados retornaram à mesa onde ocorreria a oitiva e disseram que estavam prontos para o ato, sendo dito pelo ex-presidente que iria prestar as declarações necessárias. No início do ato, foi dada ciência de que ele não estava obrigado a responder às perguntas que faríamos e que poderia ficar em silêncio sempre que quisesse. Também foi dada ciência a todos de que as perguntas e respostas seriam gravadas em áudio e vídeo para posterior transcrição. Foi autorizada a gravação também pelo telefone celular de um dos advogados do ex-presidente Lula, atendendo-se, assim, o pedido que a defesa fez naquele momento.”
“Por volta das 11h a audiência se encerrou, sendo lavrado um termo de audiência dando ciência a todos de que as perguntas e respostas foram gravadas e seriam posteriormente transcritas, sendo assinado, por todos os presentes, o referido termo, conforme será juntado neste e-proc assim que digitalizado.”
“Após a assinatura do termo, foi permitida a entrada no local de diversos parlamentares federais que batiam na porta e chegaram a forçar para entrar naquele recinto, durante a audiência. Na sequência, ofereci, de maneira insistente, a segurança da Polícia Federal ao ex-presidente Lula para levá-lo ao local onde ele quisesse ir, a partir dali, sendo dispensada tal segurança e sendo dito que ele preferiria sair dali com seus companheiros de partido e seus advogados, em veículo próprio, sem o acompanhamento da Polícia Federal. Em razão disso, foi autorizada a entrada até a porta daquele salão de automóvel indicado por ele para o deslocamento e aguardada sua saída.”
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