Os negócios do tio de Filipe Martins
Entre os dias 26 e 28 de novembro, o Ministério da Agricultura enviou a Israel uma missão comercial para participar da Israfood 2019, principal feira de agronegócios daquele país. Para integrar o 'Pavilhão Brasil', alugado pelo governo brasileiro, os empresários precisaram se submeter a um processo seletivo por meio de formulário disponibilizado no site do ministério...
Entre os dias 26 e 28 de novembro, o Ministério da Agricultura enviou a Israel uma missão comercial para participar da Israfood 2019, principal feira de agronegócios daquele país. Para integrar o ‘Pavilhão Brasil’, alugado pelo governo brasileiro, os interessados precisaram se submeter a um processo seletivo por meio de formulário disponibilizado no site do ministério.
O empresário Baron Camilo Agasim-Pereira of Fulwood conseguiu emplacar duas empresas: Safra Brasil e Boi Brasil, associadas à Câmara das Inovações e Negócios Estrangeiros (CINE-BRASIL), criada pelo próprio.
Baron Camilo é tio de Filipe Martins, assessor internacional da Presidência.
Em postagem nas redes sociais, ele comemorou o “grande sucesso” das associadas no evento, posando para fotos ao lado do embaixador do Brasil em Israel, Paulo César, e do vice-ministro da Agricultura, Marcos Montes.
Não foi a primeira vez que Baron Camilo teve sucesso na promoção de atividades empresariais junto ao governo.
Quando Jair Bolsonaro viajou a Israel em abril, ele organizou um café da manhã com a participação de representantes das companhias Weel, NSO Group, IAI, Senecio, Carbyne, Verint e United Hatzalah.
O evento marcou o lançamento da tal CINE-BRASIL. Desta vez, posou ao lado de Bolsonaro e do filho Elio Pereira of Fulwood, primo de Filipe e assistente-executivo do CEO da Weel, fintech de inteligência artificial para a antecipação de recebíveis.
“Foi nítido o entusiasmo do presidente e seus ministros diante das apresentações dos CEOs das Startups que a CINE-BRASIL reuniu nesse evento. Todos os sinais indicam para o sucesso das nossas iniciativas e para um relacionamento de longo prazo entre todas as partes envolvidas”, disse.
Além da presença de Bolsonaro no evento, Baron Camilo conseguiu que a CINE-BRASIL entrasse na agenda de acordos oficiais firmados durante a visita do presidente a Israel, conforme notícias publicadas na ocasião.
Depois do encontro em Israel, Baron Camilo foi recebido no Palácio do Planalto pelo ministro da Secretaria Geral, Jorge Oliveira, e pelo chanceler Ernesto Araújo em seu gabinete no Itamaraty.
Em julho, organizou em Brasília evento para apresentar a secretários de Segurança estaduais equipamentos desenvolvidos por empresas israelenses, como um celular criptografado. A Polícia Federal também foi consultada, mas nenhum contrato foi fechado.
Além de presidir a “Câmara das Inovações”, Baron Camilo é sócio da Aleph Beth Empresa Brasileira de Defesa em Segurança Ltda, cuja sede é um escritório de contabilidade localizado num galeria comercial de Brasília, segundo documentos da Junta Comercial.
Até maio passado, a Aleph Beth se chamava Artem Produções e Arte. Além de trocar de nome, a empresa teve seu objeto social ampliado para “atividades de intermediação empresariais, produções, promoção e relações públicas governamentais, desenvolvimento e agenciamento de serviços e negócios em geral”.
Em agosto passado, o Baron foi homenageado por Ronaldo Caiado com a Ordem do Mérito Anhanguera, ao lado do sobrinho e do ministro Onyx Lorenzoni.
Questionado por O Antagonista, Filipe Martins disse que, ao saber das andanças do tio pela Esplanada, pediu a ele que as evitasse para não “gerar uma percepção equivocada”.
“Não acho que ele tenha usado meu nome para abrir alguma porta no governo, mas o alertei sobre a percepção ruim que isso poderia gerar. Ele só quer ajudar a aproximar os dois países, trazer tecnologia que considera relevante, não ganha nada com isso. Mas acho que compreendeu. Não nos vemos há meses.”
Em contato com O Antagonista, Baron Camilo corroborou o discurso de que sua intenção é promover o comércio e os investimentos entre Brasil e Israel. E que nunca explorou a posição do sobrinho no governo para obter qualquer vantagem.
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