Almirante dos EUA: tornar-se parceiro da Otan só depende do Brasil
O almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, disse nesta quinta (23) em Brasília que tornar-se um parceiro da Otan é uma decisão do Brasil. "O Brasil tem sido um aliado há anos. E o sucesso que alcançamos juntos na II Guerra Mundial exemplifica...
O almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, disse nesta quinta (23) em Brasília que tornar-se um parceiro da Otan é uma decisão do Brasil.
“O Brasil tem sido um aliado há anos. E o sucesso que alcançamos juntos na II Guerra Mundial exemplifica a importância dessa aliança. A designação de aliado extra-Otan foi importante para capturar essa aliança por escrito. E o que isso fez para o Brasil foi abrir portas para mais cooperação em defesa com os Estados Unidos”, disse o comandante, em coletiva de imprensa nesta manhã.
Como parte de seu trabalho, o almirante faz várias visitas aos países das Américas, e esta será a última – ele se aposenta em outubro, após 38 anos de serviço na Marinha. Ele sera substituído pela general Laura Richardson, do Exército americano.
O Brasil recebeu o status de aliado-extra Otan em julho de 2019, por decisão do então presidente Donald Trump. Essa designação é conferida pelo governo americano, e não pela aliança. Esse status permite acesso a empréstimos de equipamentos, acordos para treinamentos bilaterais e multilaterais e participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento, e a empresas brasileiras o direito de competir em licitações para conserto e manutenção de equipamentos americanos fora dos Estados Unidos.
Nas Américas, apenas Argentina e Brasil tem o status de aliado-extra Otan. Fora da região, outros 15 países tem a distinção, entre eles Austrália, Coreia do Sul, Egito, Israel e Japão.
“E vamos continuar nessa direção. Um exemplo: por ter essa designação, o Brasil pode ter acesso a mais equipamento americano, mais treinamento americano, e os Estados Unidos são o padrão-ouro quando o assunto é equipamento e treinamento. E nossa parceria com o Brasil reconhece isso. A progressão para se tornar um parceiro da Otan é uma progressão natural. Essa vai ser uma escolha brasileira. Mas essa oferta está aí para consideração. É bem-vinda por nós e pela Otan. O Brasil tem forças armadas altamente capazes, tive a oportunidade de passar tempo com a Marinha deles, a Força Aérea, o Exército, os fuzileiros navais da Marinha, a liderança, então é um benefício tanto para os Estados Unidos e a Otan quanto para o Brasil”.
Aqui, Faller fala de um status diferente, conferido pela Otan e não pelos Estados Unidos sozinhos. Alguns países, como Austrália, Coreia do Sul e Japão, acumulam os dois títulos. Nas Américas, há apenas um país hoje que é parceiro da Otan: a Colômbia.
Os parceiros podem “desenvolver cooperação com a Otan em áreas de interesse mútuo, inclusive desafios emergentes à segurança, e alguns contribuem ativamente em operações da Otan, seja militarmente ou de alguma outra forma”, segundo o site oficial da aliança.
Faller disse também enxergar nos militares brasileiros apartidarismo e compromisso com a Constituição.
“Viemos [ao Brasil] falar sobre nosso relação profissional. Uma das coisas que tenho apreciado em estar nas Forças Armadas dos EUA, e um dos motivos para eu ter ficado tanto tempo, é porque somos apolíticos. Fazemos um juramento à Constituição e [de] lealdade à mesma. E quando encontro, e tenho me encontrado com minhas contrapartes brasileiras nos últimos três anos – e antes – acredito que eles compartilham dessa mesma visão de o que são forças armadas profissionais. Então eu não venho falar de política e nem levanto o assunto em nenhuma das minhas conversas”.
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