Auditores defendem análise sobre 133 contribuintes
O Antagonista

Auditores defendem análise sobre 133 contribuintes

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 05.08.2019 21:47 comentários
Brasil

Auditores defendem análise sobre 133 contribuintes

Numa carta aberta, 195 auditores da alta administração da Receita defenderam a análise, suspensa por Alexandre de Moraes na semana passada, sobre 133 contribuintes, incluindo as mulheres de Gilmar Mendes e Dias Toffoli...

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 05.08.2019 21:47 comentários 0
Auditores defendem análise sobre 133 contribuintes
Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Numa carta aberta, 195 auditores da alta administração da Receita defenderam a análise, suspensa por Alexandre de Moraes na semana passada, sobre 133 contribuintes, incluindo as mulheres de Gilmar Mendes e Dias Toffoli — o que poderia até levar à abertura de um procedimento de fiscalização.

No texto, negaram desvio de finalidade e falta de critérios objetivos, como apontou o ministro, e explicaram que, de mais de 800 mil CPFs analisados, a Receita chegou aos 133 fiscalizados por cruzamento de dados feito de forma “completamente automatizada”.

“Não existe qualquer possibilidade de um Auditor-Fiscal indicar um contribuinte para ser fiscalizado, em seleção interna, sem passar por um rigoroso processo de programação”, dizem os auditores.

A carta ressalta que todas as autoridades estão sujeitas à fiscalização.

“A Receita Federal tem sido acusada por ter atuado com subjetividade por ter deflagrado uma operação denominada ‘agentes públicos’. A lei tributária não excepcionaliza agentes públicos, sejam eles ministros, parlamentares ou auditores-fiscais de cumprirem as normas tributárias e estarem sujeitos à análise e eventuais auditorias, que podem ou não resultar em exigência de tributos.”

Leia a íntegra:

CARTA ABERTA EM DEFESA DA RECEITA FEDERAL

Os Auditores-Fiscais abaixo nominados, em razão de decisão monocrática do STF proferida no Inquérito nº 4.781, de 1º de agosto de 2019, na qual se afirma que “são claros os indícios de desvio de finalidade” e que, “sem critérios objetivos de seleção, pretendeu, de forma oblíqua e ilegal investigar diversos agentes públicos, inclusive autoridades do Poder Judiciário, incluídos Ministros do Supremo Tribunal Federal, sem que houvesse, repita-se, qualquer indício  de irregularidade por parte  desses contribuintes”, vêm manifestar discordância em relação às acusações de ilegalidade e desvio de finalidade supostamente praticadas pela Receita Federal.

A decisão cautelar proferida determinou a suspensão de todos os procedimentos instaurados pela Receita Federal, inclusive em relação aos outros 131 contribuintes pessoas físicas que não têm qualquer vínculo com Ministros do STF.

Além disso, entendeu por bem afastar dois Auditores-Fiscais que atuaram em observância aos atos legais e normativos que regulam a atuação da Fiscalização da Receita Federal, mas que, ainda assim, estão tendo suas condutas avaliadas pela Corregedoria da Receita Federal.

Importante destacar que todos os procedimentos de fiscalização executados observam rigorosamente os preceitos constitucionais da impessoalidade e da motivação e, em se tratando do imposto de renda, também os princípios da generalidade e universalidade, ou seja, de que todas as pessoas estão sujeitas ao imposto e de que todos os rendimentos, salvo as exceções previstas em lei, à tributação.

O princípio da impessoalidade encontra-se materializado por critérios técnicos e objetivos, que são descritos de forma pormenorizada na Nota COPES nº 48, no caso da operação que resultou na seleção de dois contribuintes vinculados a Ministros do STF.

Não existe qualquer possibilidade de um Auditor-Fiscal indicar um contribuinte para ser fiscalizado, em seleção interna, sem passar por um rigoroso processo de programação que segue três etapas bem definidas:

1 – Planejamento – definição do universo de contribuintes a serem submetidos aos critérios e parâmetros de seleção.  No caso da Nota Copes nº 48, o universo “agentes públicos” possuía cerca de 800 mil CPFs.

2- Cruzamento de Dados – etapa que é completamente automatizada. O procedimento contido na Nota Copes nº 48 chegou a 133 contribuintes, como amplamente noticiado. Ninguém na Receita Federal – absolutamente ninguém – consegue excluir qualquer contribuinte da etapa de cruzamento de dados. Foi lamentável o vazamento da referida nota, por outro lado, qualquer cidadão pode constatar o rigor e a impessoalidade do processo de seleção.

3 – Análise individual – recebida a lista com 133 contribuintes, em ordem decrescente de interesse fiscal, os mesmos foram distribuídos para cada Auditor-Fiscal com o objetivo de que os mesmos verificassem se havia ou não indícios de irregularidades. O Auditor-Fiscal possui amplo acesso às informações do contribuinte analisado, bem como a terceiros vinculados, inclusive para verificar a existência de operações simuladas que buscam sonegar tributos.

A Receita Federal tem sido acusada por ter atuado com subjetividade por ter deflagrado uma operação denominada “agentes públicos”. A lei tributária não excepcionaliza agentes públicos, sejam eles ministros, parlamentares ou auditores-fiscais de cumprirem as normas tributárias e estarem sujeitos à análise e eventuais auditorias, que podem ou não resultar em exigência de tributos.

Os processos de programação devem delimitar um universo específico de contribuintes porque a situação fática de segmentos de contribuintes é diferente. Os critérios e parâmetros devem ser compatíveis com o universo e atividades desenvolvidas pelos contribuintes. Por exemplo, profissionais liberais têm características distintas de assalariados. Algo absolutamente rotineiro e obrigatório. Grandes corporações de empresas possuem análise específica, que, obviamente, difere das empresas optantes pelo Simples Nacional.

A decisão monocrática do STF conclui que a Receita Federal atuou com desvio de finalidade por ter selecionado “os maiores patrimônios e rendimentos de agentes públicos”. Mas, conforme exposto acima, todos os critérios técnicos foram observados e, estando o agente público no exercício de suas funções, não lhe é permitido legalmente excluir do rol identificado nenhum contribuinte sujeito à fiscalização.

Suspendemos todos os trabalhos relativos à Nota Copes nº 48 em obediência à decisão judicial, mas rogamos que o plenário do STF analise com habitual rigor e prudência, à luz dos princípios constitucionais da impessoalidade e isonomia, o procedimento de programação e seleção de contribuintes.

À exceção dos 133 agentes públicos amparados pela decisão, a Receita Federal, por estar vinculada à lei, continuará a tributar o acréscimo patrimonial, sempre que houver irregularidade identificada pela fiscalização, pois assim determina a Constituição Federal e assim espera a sociedade.

Por outro lado, o TCU requisita à RFB informações sobre as fiscalizações efetuadas contra agentes públicos federais nos últimos cinco anos, sob o argumento de “apurar indícios de irregularidades praticadas no âmbito da Receita Federal do Brasil (RFB), as quais dizem respeito a possível desvio de finalidade de agentes envolvidos, com dispêndio de recursos públicos”.

O pedido causa estranheza e perplexidade, pois, sem qualquer justificativa aparente, coloca sob suspeição todas as fiscalizações efetuadas pela Receita Federal contra agentes públicos federais nos últimos cinco anos.

Por todo o aqui exposto, os Auditores-Fiscais abaixo pugnam para que o Plenário do STF reveja a decisão proferida no Inquérito nº 4.781, de 1º de agosto de 2019, que impede a atuação da Receita Federal, para que possamos continuar atuando de forma republicana, em obediência aos preceitos constitucionais e à lei, em prol do Estado e da sociedade, e para que o TCU, em suas solicitações e análises, não adote qualquer premissa que possa, ainda que indiretamente, indicar à não-atuação republicana de um órgão com a história da RFB.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Os segredos de Janja

Visualizar notícia
2

Uma nota da comunidade para a ata de Gleisi

Visualizar notícia
3

Lula muda discurso sobre Banco Central

Visualizar notícia
4

TRE-SP cassa mandato de Zambelli

Visualizar notícia
5

Kassab sobe tom contra Lula e Haddad

Visualizar notícia
6

Homem que queimou o Alcorão é morto a tiros na Suécia

Visualizar notícia
7

“Governo está um pouco sem rumo”, diz Marcos Pereira

Visualizar notícia
8

Cara de pau, Lula assume candidatura e inicia campanha de 2026

Visualizar notícia
9

O arranjo do PL para projetar Eduardo Bolsonaro e acenar a Trump

Visualizar notícia
10

Oruam ameaça vereadora Amanda Vetorazzo. Cadê es feministes?

Visualizar notícia
1

Lula defende reciprocidade caso Trump imponha taxas em produtos brasileiros

Visualizar notícia
2

TRE-SP cassa mandato de Zambelli

Visualizar notícia
3

"Governo está um pouco sem rumo", diz Marcos Pereira

Visualizar notícia
4

Os segredos de Janja

Visualizar notícia
5

‘IBGE paralelo’: Pochmann sentiu

Visualizar notícia
6

Rosângela Moro tenta acabar com o sigilo do Planalto sobre Janja

Visualizar notícia
7

Uma nota da comunidade para a ata de Gleisi

Visualizar notícia
8

Lula: "Eu quero que o Pacheco seja governador de Minas"

Visualizar notícia
9

Gleisi resolveu brigar com as notas da comunidade

Visualizar notícia
10

Líder da oposição quer barrar uso da Secom para campanha antecipada de Lula

Visualizar notícia
1

Ministro convida González a Israel: “Esperança do retorno da diplomacia”

Visualizar notícia
2

A nova roupa de Lula

Visualizar notícia
3

Moraes arquiva ação contra homem que tentou furtar chinelos

Visualizar notícia
4

Papo Antagonista: Os sobreviventes do terror

Visualizar notícia
5

TRE-SP cassa mandato de Zambelli

Visualizar notícia
6

Cruz Vermelha pede transferência “digna e segura” de reféns

Visualizar notícia
7

Gleisi resolveu brigar com as notas da comunidade

Visualizar notícia
8

Motta e Dani Cunha se unem para aumentar vagas de deputados

Visualizar notícia
9

Líder da oposição quer barrar uso da Secom para campanha antecipada de Lula

Visualizar notícia
10

Exército israelense elimina 18 terroristas no norte da Cisjordânia

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Alexandre de Moraes Dias Toffoli Gilmar Mendes Receita Federal
< Notícia Anterior

PF espera extradição ou deportação de neto do ex-presidente Figueiredo preso nos EUA

05.08.2019 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Podcast: Vítima não tem foro

05.08.2019 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Transparência Internacional sobre IBGE: &quot;Credibilidade em risco&quot;

Transparência Internacional sobre IBGE: "Credibilidade em risco"

Visualizar notícia
Entenda a revogação da Receita Federal da norma de monitoramento do Pix

Entenda a revogação da Receita Federal da norma de monitoramento do Pix

Visualizar notícia
Moraes arquiva ação contra homem que tentou furtar chinelos

Moraes arquiva ação contra homem que tentou furtar chinelos

Visualizar notícia
Vereador é assassinado após ser atraído para emboscada, diz polícia

Vereador é assassinado após ser atraído para emboscada, diz polícia

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.