Carminha, a Minerva conturbada
Cármen Lúcia, presidente do STF, até que começou o ano bem. Teori Zavascki, o relator da Lava Jato no Supremo, morreu no dia 19 de janeiro, deixando por homologar a delação da Odebrecht...
Cármen Lúcia, presidente do STF, até que começou o ano bem.
Teori Zavascki, o relator da Lava Jato no Supremo, morreu no dia 19 de janeiro, deixando por homologar a delação da Odebrecht.
Especulava-se que a homologação seria adiada até que o novo relator da Lava Jato fosse designado na corte — a alternativa favorita dos que queriam protelar as investigações e julgamentos.
Onze dias depois da morte do relator, no entanto, Cármen Lúcia homologou o acordo de colaboração. E fez caminhar investigações para elucidar crimes envolvendo autoridades a partir dos relatos e das provas apresentados por 77 delatores da Odebrecht.
Foi coerente com as suas constantes falas contra a corrupção.
No episódio da primeira denúncia contra Michel Temer, os trombeteiros peemedebistas alardearam que ela queria tomar o lugar do presidente enrolado. A bobagem colocou e Temer passou a ter uma relação protocolar com a presidente do STF.
Salto para o dia 11 de outubro.
O Supremo julgava se o Congresso tinha poder para rever a decisão da Primeira Turma do próprio Supremo que afastara Aécio Neves do Senado. O motivo: as gravações em que o líder tucano pedia dinheiro para Joesley Batista.
No momento crítico do julgamento, com o plenário dividido em 5 votos a 5, chegou a vez de Carminha ser Minerva — o voto da decisão, o voto da sabedoria.
Em voto que ela própria definiu “conturbado”, Cármen Lúcia disse que, sim, os parlamentares precisavam aprovar o afastamento de um de seus pares determinado pelo Supremo. A bandidagem de todos os partidos festejou.
A presidente do STF também se viu desautorizada pelos diversos tribunais do país, que resisistiram para enviar ao CNJ as suas folhas de pagamentos, como ela havia determinado, a fim de tentar coibir os penduricalhos que aumentam exponencialmente os salários dos magistrados. Só lhe restou dizer que estava “horrorizada”.
Dados finalmente enviados, o Estadão revelou que os gastos com penduricalhos a magistrados somavam 890 milhões de reais por ano.
Em dezembro, Cármen Lúcia voltou a acertar, ao negar habeas corpus a Paulo Maluf, um dos símbolos da corrupção brasileira que foi para a cadeia.
Outras questões urgentes para a limpeza política vão entrar em pauta em 2018, como a revisão da prisão de condenados em segunda instância — julgamento que determinará o destino de Lula. Carminha deixou o assunto para depois do Carnaval.
Se Lula for condenado pelo TRF4 no dia 24 de janeiro e tiver a prisão decretada, o recurso da defesa do petista despencará sobre a sua mesa, plantonista solitária no STF até o final do mês.
Ela já disse a interlocutores que concederá habeas corpus ao petista.
Coitada da Carminha…
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