O choque de realidade de Paulo Guedes
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O choque de realidade de Paulo Guedes

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 24.12.2019 14:00 comentários
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O choque de realidade de Paulo Guedes

A aprovação da reforma da Previdência foi, sem dúvida, a maior vitória de Paulo Guedes em 2019. E do país. Se não passasse, o Brasil quebraria. Simples assim. Os primeiros meses do novo governo, porém, expuseram as dificuldades de articulação política entre Executivo e Legislativo e as contradições internas em torno da agenda liberal do ministro da Economia...

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O choque de realidade de Paulo Guedes
Paulo Guedes

A aprovação da reforma da Previdência foi sem dúvida a maior vitória de Paulo Guedes em 2019. Se não passasse, o Brasil quebraria. Simples assim.

Os primeiros meses do novo governo, porém, expuseram as dificuldades de articulação política entre Executivo e Legislativo e as contradições internas em torno da agenda liberal do ministro da Economia.

Jair Bolsonaro, que nunca foi apaixonado pela reforma, teve de negociar com o “Posto Ipiranga” alguns pontos polêmicos, como a idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres.

Além disso, o presidente teve dificuldades para defender mudanças no regime previdenciário dos militares e correlatos — e o pessoal da farda obteve compensações na última hora.

Outro problema para Guedes foi a falta de unidade do próprio PSL e a reação contrária de integrantes da sigla à reforma.

Irritado com as desidratações propostas pelo governo e pelo próprio partido do presidente na época, Guedes ameaçou abandonar o ministério, pegar um avião e morar no exterior.

Em junho, quando a Câmara promoveu os primeiros ajustes na proposta do governo, o ministro declarou que os deputados iriam “abortar a nova Previdência”.

Sua maior irritação foi a retirada do sistema de capitalização.

As críticas de Guedes também levaram a uma troca de farpas entre o ministro e Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Os dois acabaram se afastando por um período.

Aproveitando o vácuo político deixado pelo governo, Maia tentou se firmar como o principal fiador da reforma.

No Congresso, o consenso era de que as mudanças na regra de aposentadoria seriam feitas de qualquer maneira, mesmo que não alcançassem a economia de R$ 1,2 trilhão em dez anos que o ministro queria.

Os parlamentares também se viram pressionados pelas ruas. O ineditismo do ato pró-reforma neste ano foi comemorado por Guedes, como mostrou a Crusoé.

Com a aprovação da reforma no Senado, em novembro, Guedes suavizou o tom.

Mas nem tanto. No final do mês, após a soltura do condenado Lula, Guedes disse em Washington que era “irresponsável” estimular baderna, como fez o petista. “Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5“, declarou o ministro. Foi uma defesa da democracia — peculiar, mas defesa mesmo assim — que serviu de pretexto à esquerda e aos “garantistas” para despejar a sua artilharia sobre Guedes e o governo.

Em entrevista exclusiva a O Antagonista, o ministro disse que é melhor uma reforma de R$ 800 bilhões de economia da União, mais R$ 400 bilhões com a inclusão de estados e municípios, do que uma de R$ 1,2 trilhão “em que os estados e municípios estão fora”, como foi proposto originalmente. Na entrevista, ele também voltou a dizer que não se preocupava com o dólar alto, uma vez que era o resultado natural da queda de juros no país. A Selic, que sofreu quatro cortes durante o ano, está a 4,5% ao ano, a menor da série histórica, mas como os bancos continuam a praticar taxas indecentes, o governo resolveu tabelar os juros do cheque especial. No que fez muito bem, porque liberalismo não é sinônimo de roubo.

Ele disse também na entrevista que as manifestações violentas na América Latina fizeram com que Bolsonaro o instruísse a tirar o pé do acelerador.

Com a atividade econômica reanimada e desemprego em baixa, os desafios de Guedes para o próximo ano já estão desenhados: aprovar a reforma administrativa e a tributária. Elas são fundamentais para o país entrar num ciclo de crescimento consistente — a única forma de manter o PT e assemelhados bem longe do poder.

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