“Minha atitude não foi a de rotular de fascista, misógino, racista ou homofóbico”
Fernando Gabeira é acusado de ser condescendente com Jair Bolsonaro, desde que o entrevistou na GloboNews e não o tratou como um monstro. Ambos foram colegas na Câmara dos Deputados e têm ideias e posições diametralmente opostas, a não ser em relação à corrupção. Civilizado que é, Gabeira explica na sua coluna como a esquerda tosca errou e continua a errar...
Fernando Gabeira é acusado de ser condescendente com Jair Bolsonaro, desde que o entrevistou na GloboNews e não o tratou como um monstro.
Ambos foram colegas na Câmara dos Deputados e têm ideias e posições diametralmente opostas, a não ser em relação à corrupção.
Civilizado que é, Gabeira explica na sua coluna como a esquerda tosca errou e continua a errar:
“Minha experiência é de quem defendeu no Parlamento bandeiras que Bolsonaro ataca. As frases preconceituosas que ele eventualmente dizia são as mesmas que ouvimos nas ruas de todo o Brasil.
Minha relação com ele era de alguém que representava minorias, que até hoje apoio, com alguém que, no meu entender, estava mais perto do espírito majoritário das ruas.
Um ponto de convergência foi a luta contra a corrupção. Aliás, foi essa luta, no meu tempo de político, que me permitiu disputar com alguma chance eleições majoritárias.
Minha atitude não foi a de rotular de fascista, misógino, racista ou homofóbico, mas compreender que, por baixo dessas reações populares, existe uma insegurança sobre as mudanças culturais, e é preciso buscar avanços que não provoquem um retrocesso maior. Discussões em baixo nível no Congresso contribuem para abrir a Caixa de Pandora na sociedade. Hoje, infelizmente, está aberta.
O primeiro ponto de contato para enfrentar a maioria, portanto, é afirmar que movimentos minoritários e culturais não precisam ser coniventes com a corrupção dos partidos de esquerda, ter vínculos com o poder, nem depender financeiramente dele.”
E ainda:
“Não pensem que não tenho consciência do enorme trabalho que teremos. Desde o princípio, afirmei que a tática da esquerda estava errada. Além de não reconhecer seus erros, atrelou o destino ao de um homem na cadeia, supondo que estava repetindo a história de Mandela.
Ao atrelar o destino a Lula, o PT escolheu o caminho mais difícil. E a esquerda saiu dividida. Ciro talvez fosse um pouco mais competitivo. Ainda assim, a onda era muito forte.
Isso tudo é passado. Estamos quase no meio do segundo turno. As grandes escolhas foram feitas. Não criei essa situação. Forças poderosas estiveram em choque. É razoável que, prevendo o desfecho da batalha, comece a olhar para a frente, tentando desvendar, a partir da experiência, uma fórmula de lidar com o poder emergente.
Claro que, nos embates que nos esperam, outras posições vão surgir. Creio ter aprendido alguma coisa com a eleição de Donald Trump. Ali ficou claro que era preciso rever a tática, pois as críticas acusatórias só o faziam crescer.
Muita gente se disse surpreendida com o que aconteceu nas eleições. Algumas surpresas sempre acontecem. Mas quantos não quiseram ver, por achar que as coisas estavam se desenrolando de uma forma que não lhes agradava.
Bolsonaro era recebido por pequenas multidões nos aeroportos. Falava de luta contra a corrupção e, embora alguns concordem, foi ele que percorreu o Brasil defendendo-a. Bolsonaro falava de segurança pública, e não houve um programa de segurança alternativa contra o seu. Vi seu crescimento e notei como os ataques o fortaleciam.
Só me resta agora segurar a onda do jeito que aprendi. Não significa que esteja certo. Apenas uma voz.”
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