Agamenon: O Bolsonaristão
O mundo assistiu chocado às imagens de milhares de afegãos bolsolatristas tentando fugir de qualquer maneira para o Brasil. Os fanáticos seguidores da bolsolatria estão apavorados com a tomada do poder pelos moderados do Talibã...
O mundo assistiu chocado às imagens de milhares de afegãos bolsolatristas tentando fugir de qualquer maneira para o Brasil. Os fanáticos seguidores da bolsolatria estão apavorados com a tomada do poder pelos moderados do Talibã.
Para acalmar a população, os líderes mujahedins mandaram avisar que ninguém precisa se preocupar: não vai ter eleição em 2022, não vai ter urna eletrônica, não vai faltar cloroquina para a população e não vai ter Enem. E mais: todo mundo vai poder continuar espancando os gays, os (as) trans e as mulheres (principalmente ser for a sua) à vontade. Além disso, o programa de exclusão social Minha Arma, Sua Vida vai continuar fuzilando normalmente.
Preocupado com a infiltração comunista no Talibã, o cantor Sérgio Erreis já está preparando uma comitiva de caminhoneiros, produtores de soja e cantores sertanejos para acampar na frente do STF (Supremo Tribuná do Feganistão), exigindo a demissão de todos os juízes em 72 horas. Se em 72 horas não tirarem todos os juízes, eles vão dar mais 72 horas para que suas exigências sejam cumpridas. Se nas 72 horas subsequentes nada for feito, eles ameaçam juntar os seus bagulhos e voltar para casa, levando junto o cantor Sérgio Erreis muito deprimido.
As coisas andam complicadas no Afeganistão. O general Abdul Omar al-Brega Neto desembarcou em Cabul para inaugurar a primeira loja da Havan e declarou que no Brasil nunca teve ditadura militar. Na mesma festividade, o presidente É Bom Jair se Muçulmando Bolsonaro chegou à frente de uma motociata de camelos que, na verdade, era uma cameliata. No seu discurso, Bolsonasser avisou que iria transformar o Afeganistão num país “terrivelmente evangélico”.
Foi aí que começou o barraco em Cabul. Os Talibãs, muçulmanos de carteirinha, não gostaram da ideia, principalmente quando Bolsonazi nomeou um militar da ativa para aiatolá da Saúde e um pastor da Universal como chefe da sharia, a lei do Islã.
“Tu és Messias, mas não és Maomé!!!!”, urravam os talibans de direita. “Allah akbar! Alá é o único Deus e Maomé, o seu profeta!”
O pessoal do Centrão ficou preocupado e sugeriu mudar o nome do presidente para Jair Muhammad al-Bolsonagib. Era só liberar umas verbas que eles votavam uma emenda. O pessoal da esquerda disse que, se o caso era de profeta, a solução era o Lula. O Lula já tem barba, acha que é Deus e jura que é o homem mais honesto do mundo. Mas o Lula desistiu depois que soube que muçulmano não pode beber pinga e nem álcool.
Felizmente, estou no Brasil, onde não acontecem essas barbaridades fundamentalistas: aqui reinam a calma e a pasmaceira dos paraísos tropicais. Todos vivem na mais completa felicidade. Tem emprego a dar com o pau, comida também não falta para ninguém. As crianças todas na escola. Facção e milícia são coisas do passado. As cadeias estão vazias, e os hospitais também, porque ninguém mais fica doente. No Congresso Nacional, com todos os problemas do país resolvidos, senadores e deputados passam o dia jogando truco no plenário. Os deputados do Centrão, arrependidos, deixaram de roubar e transferiram seus bens para o Criança Esperança, passando a viver num mosteiro budista. No Palácio do Planalto, a família Bolsonaro se dedica ao ikebana, a milenar arte japonesa de arranjos florais. Carlos, com o apoio decisivo do pai e dos irmãos, assumiu a sua verdadeira orientação sexual e vive com um rapaz maranhense, com quem adotou dois indiozinhos órfãos. No STF, o clima também é de paz e concórdia. Os capinhas armaram redes no plenário, onde os magistrados, que renunciaram às regalias, passam as tardes alternando debates filosóficos com rodadas de chá de cogumelo. Gilmar Mendes abandonou a toga e todos os seus bens materiais para se dedicar a um trabalho missionário entre os miseráveis da Índia —afinal, a vida toda ele foi um miserável (em todas as encarnações). Dias Toffoli foi outro que abandonou o tribunal e está cursando pela segunda vez a classe de alfabetização da escola Chapeuzinho Vermelho de ensino básico do PT. Ele quer estudar direito e prestar concurso para juiz.
A floresta amazônica avança que é uma beleza: qualquer dia, vamos todos ter que morar boiando no oceano Atlântico, pois as matas virgens vão ocupar cada centímetro do nosso território. O Brasil é um exemplo mundial de equilíbrio do ecossistema e, por isso, é respeitado internacionalmente: um exemplo de economia de baixo carbono e reciclagem.
Quer saber? O mundo ficou muito sem graça depois que os talibãs chegaram ao poder.
Agamenon Mendes Pedreira chegou ao fundo do poço, mas continua cavando.
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