Se o governo está bem, o Brasil que se dane
O Antagonista

Se o governo está bem, o Brasil que se dane

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 27.07.2020 10:02 comentários
Economia

Se o governo está bem, o Brasil que se dane

A verdade é que Jair Bolsonaro não ficou parecido com Paulo Guedes, mas é Paulo Guedes que está cada vez mais semelhante a Bolsonaro. A pandemia só acelerou o processo, com a necessidade de aumentar os gastos sociais. Houve um acomodação de Guedes depois da reforma da Previdência, como se todo o problema econômico estrutural se resumisse a isso. Não há como negar que essa reforma foi essencial para garantir que os brasileiros pudessem ter tranquilidade com o pagamento de aposentadoria pelos próximos 10 anos, pelo menos. Mas não basta...

avatar
Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 27.07.2020 10:02 comentários 0
Se o governo está bem, o Brasil que se dane
Foto: Adriano Machado/ Crusoé

A verdade é que Jair Bolsonaro não ficou parecido com Paulo Guedes, mas é Paulo Guedes que está cada vez mais semelhante a Bolsonaro. A pandemia só acelerou o processo, com a necessidade de aumentar os gastos sociais.

Houve um acomodação de Guedes depois da reforma da Previdência, como se todo o problema econômico estrutural se resumisse a isso. Não há como negar que essa reforma foi essencial para garantir que os brasileiros pudessem ter tranquilidade com o pagamento de aposentadoria pelos próximos 10 anos, pelo menos. Mas não basta.

Neste momento de crise, a ilusão de que o estado brasileiro tudo pode — inclusive transformar o coronavoucher em renda mínima universal — voltou a turvar a visão de políticos, do governo e de boa parte da população, infelizmente, que não percebe que ela pagará a conta na forma de mais impostos e mais desemprego.

É importante repetir: mais impostos e mais desemprego é a essência do arremedo de reforma tributária proposta por Guedes. Para que o estado recupere as toneladas que perdeu com a pandemia, por causa da queda na arrecadação, Guedes quer fazer definhar o setor de serviços, o que mais emprega, com uma carga tributária que simplesmente triplicará de tamanho — sempre lembrando que, ao contrário do setor industrial, os empresários de serviços não contam com gastos tão grandes de insumos que possam ser abatidos dos impostos, ao contrário do que ocorre com os industriais. Para completar o quadro, o governo vetou a continuidade da desoneração da folha de salários em 2021, como se todos os problemas enfrentados pelos empresários fossem terminar magicamente em 31 de dezembro deste ano.

Pode ser, como já dissemos, que Guedes tenha colocado esse bode na sala, num primeiro momento, para trocá-lo por uma nova CPMF, imposto socialmente injusto e cumulativo. Esse é o liberal de Chicago.

O governo alega que as despesas obrigatórias pela Constituição impedem que o gasto estatal encolha para níveis que possam ser suportados pelos cidadãos que financiam a festa. De fato, eles consomem 96% do orçamento federal. Então, senhores, é preciso arrumar um jeito de diminuir as despesas obrigatórias que, na verdade, pesam sobre os ombros de empresários e trabalhadores da iniciativa privada que as financiam — e, assim, aumentar também a capacidade de investimentos do próprio Estado. Passou da hora também de privatizar as empresas estatais. Esse era o programa de Bolsonaro e Guedes quando o primeiro prometia ficar a cara do segundo e o segundo não estava ficando igual ao primeiro. Ah, isso tudo não é possível, dirão. É possível, sim, com coragem e determinação.

Evidentemente, o Executivo não pode fazer tudo sozinho. Legislativo e Judiciário têm parte fundamental na diminuição do estado brasileiro: o primeiro aprovando mudanças nas leis e um extenso programa de privatizações previamente acordado com o Planalto; o segundo não atrapalhando com decisões judiciais baseadas na irrealidade o trabalho do Executivo e do Legislativo. Mas a barafunda política em Brasília, infelizmente, serve a que interesses escusos e corporativos prevaleçam.

Enquanto isso, os empresários do setor de serviços, principalmente, fazem contas e se preparam para cortar ainda mais o que deveria ser a despesa obrigatória mais importante: os salários dos trabalhadores que irão para a rua.

Se o governo está bem, o Brasil que se dane.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Não há injúria racial contra pessoa branca, decide STJ

Visualizar notícia
2

Milton Nascimento comenta situação constrangedora no Grammy

Visualizar notícia
3

Governo Lula perde até na lacração

Visualizar notícia
4

Voa Brasil não decola e vende menos de 1% das passagens

Visualizar notícia
5

Hugo Motta: 8 anos de inelegibilidade é um tempo extenso

Visualizar notícia
6

Pânico nas ilhas gregas e evacuação em massa

Visualizar notícia
7

As despesas bizarras da USAID

Visualizar notícia
8

Por que parte da imprensa não viu as más notícias para Lula na pesquisa Genial/Quaest?

Visualizar notícia
9

Janja começou antes do Carnaval

Visualizar notícia
10

Malandro é malandro e boné é boné

Visualizar notícia
1

Janja começou antes do Carnaval

Visualizar notícia
2

Malandro é malandro e boné é boné

Visualizar notícia
3

STF mantém decisão de Toffoli que anulou processos de ex-delator de Lula

Visualizar notícia
4

Patriotas do amor, bolsonaristas querem fim da Ficha Limpa

Visualizar notícia
5

As despesas bizarras da USAID

Visualizar notícia
6

Hugo Motta: 'Usar boné não resolve os problemas do país'

Visualizar notícia
7

Governo Lula quer privatizar serviços da transposição do Rio São Francisco

Visualizar notícia
8

Por que parte da imprensa não viu as más notícias para Lula na pesquisa Genial/Quaest?

Visualizar notícia
9

Congresso vai tornar Bolsonaro elegível para 2026?

Visualizar notícia
10

Não há injúria racial contra pessoa branca, decide STJ

Visualizar notícia
1

Por que parte da imprensa não viu as más notícias para Lula na pesquisa Genial/Quaest?

Visualizar notícia
2

Crusoé: Presidente sírio beija a mão do seu financiador

Visualizar notícia
3

Cármen Lúcia faz política contra redes sociais?

Visualizar notícia
4

O que Trump e Netanyahu conversaram sobre Gaza?

Visualizar notícia
5

Congresso vai tornar Bolsonaro elegível para 2026?

Visualizar notícia
6

Janja voltou com tudo… na autopromoção

Visualizar notícia
7

Governo Lula perde até na lacração

Visualizar notícia
8

Prefeitura do Rio vai ao STF contra restrição policial em favelas

Visualizar notícia
9

Bibo Nunes sobre inelegibilidade: 8 anos é para punições políticas

Visualizar notícia
10

Não há injúria racial contra pessoa branca, decide STJ

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

economia impostos Jair Bolsonaro nova CPMF Paulo Guedes privatizações Reforma Tributária setor de serviços
< Notícia Anterior

Gabbardo diz que cidade de São Paulo deve chegar à fase verde em 30 dias

27.07.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

No STF, ministros estranham ação da AGU contra bloqueio de perfis de bolsonaristas

27.07.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Transformação digital e Cibersegurança a favor dos seus negócios

Transformação digital e Cibersegurança a favor dos seus negócios

Visualizar notícia
Voa Brasil não decola e vende menos de 1% das passagens

Voa Brasil não decola e vende menos de 1% das passagens

Visualizar notícia
Como obter dinheiro do FGTS todo ano com uma de suas modalidades

Como obter dinheiro do FGTS todo ano com uma de suas modalidades

Visualizar notícia
Em ata, Copom pede ajuda do governo Lula contra inflação

Em ata, Copom pede ajuda do governo Lula contra inflação

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.