‘Plataformas não querem comprometer lucro para combater fake news’
A falta de comprometimento das plataformas digitais com o combate às fake news pode ser atribuída a interesses econômicos, diz o antropólogo e pesquisador David Nemer, do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade da Universidade Harvard. Na semana passada, o TSE renovou a parceria com as plataformas...
A falta de comprometimento das plataformas digitais com o combate às fake news pode ser atribuída a interesses econômicos, diz o antropólogo e pesquisador David Nemer, do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade da Universidade Harvard.
Na semana passada, o TSE renovou a parceria com as plataformas para combater a divulgação de notícias falsas, a cerca de oito meses das eleições.
Em entrevista à Folha, Nemer disse que o que importa para as empresas é o engajamento.
“Elas não querem de fato agir de forma a diminuir engajamento, já que fake news geram engajamento, e engajamento é a forma pelo qual elas monetizam. Não querem comprometer o lucro com medidas que possam reduzir o efeito da desinformação.”
Segundo ele, mesmo depois da campanha que levou à invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, as plataformas não parecem muito preocupadas com os riscos políticos das fake news no Brasil. “Elas se sentem muito seguras para tomar essas atitudes”, diz ele.
David Nemer afirma que é preciso combater os “hubs de informação”, que correspondem a grupos de perfis que orquestram campanhas de informações falsas nas redes. Segundo ele, esses perfis são geralmente responsáveis por levar as fake news da “periferia” para o “centro” do debate público.
O pesquisador citou a fake news de que Jair Bolsonaro teria evitado uma guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Uma conta estava liderando essa campanha. Deu para ver como uma pessoa, uma conta grande, foi suficiente. Você conseguindo identificar e retirando essa conta, você mitiga os efeitos da desinformação.”
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