O "golpe do fundão" na pandemia é tão revoltante quanto a postura do sociopata O "golpe do fundão" na pandemia é tão revoltante quanto a postura do sociopata
O Antagonista

O “golpe do fundão” na pandemia é tão revoltante quanto a postura do sociopata

avatar
Diego Amorim
4 minutos de leitura 15.07.2021 17:29 comentários
Opinião

O “golpe do fundão” na pandemia é tão revoltante quanto a postura do sociopata

Caciques partidários já estão celebrando o "golpe do fundão" e ainda se valendo de um discurso aparentemente puro: o de que é preferível bancar campanhas políticas com dinheiro público a voltar com o financiamento privado. Não é isso que está em jogo hoje. O argumento é puro escárnio...

avatar
Diego Amorim
4 minutos de leitura 15.07.2021 17:29 comentários 0
O “golpe do fundão” na pandemia é tão revoltante quanto a postura do sociopata
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Caciques partidários já estão celebrando o “golpe do fundão” e ainda se valendo de um discurso aparentemente puro: o de que é preferível bancar campanhas políticas com dinheiro público a voltar com o financiamento privado.

Não é isso que está em jogo hoje. O argumento é puro escárnio.

O financiamento privado, de fato, serviu de bandeja, durante anos, para esquemas corruptos revelados em grande parte pela Lava Jato, aquela operação aniquilada por petistas e bolsonaristas juntos.

A discussão sobre como bancar campanhas públicas poderá, sim, ser retomada em algum momento, com a criação de regras mais rígidas ou estabelecimento de limites de valores, mas isso jamais deveria ocorrer neste momento.

O que o Congresso está fazendo nesta quinta-feira (15), com o apoio ou, no mínimo, a omissão da maioria dos líderes partidários, é dar um soco no estômago de brasileiros que já estão sofrendo com um sociopata no poder em meio a uma pandemia que matou mais de meio milhão de pessoas.

O Parlamento brasileiro escancara hoje, sem pudor algum, a prioridade de grande parte de seus integrantes: no final das contas, de novo e sempre, o que interessa é continuar no poder.

A intensidade da retomada da economia brasileira no esperado pós-pandemia ainda é uma incerteza, a inflação assusta, o desemprego é massivo, a miséria e a fome aumentam e os políticos com mandato em Brasília decidiram, a toque de caixa, em mais uma tratorada, praticamente triplicar o valor do montante do nosso dinheiro destinado às campanhas políticas no ano que vem: de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões.

Enquanto isso, a renda do brasileiro despenca, faltando dinheiro em muitas famílias para o básico, como comprar o botijão de gás de quase R$ 100 e encher o tanque do carro velho, com gasolina em torno de R$ 6 o litro.

Na última terça-feira (13), os deputados aprovaram um importante projeto para regulamentar a farra dos chamados supersalários no funcionalismo público. A Câmara quis dar recado para a população brasileira de que está disposta — até de maneira surpreendente — a tirar da gaveta propostas que realmente atendam aos anseios da sociedade.

Mas, na hora de “cortar na própria carne” — essa expressão que congressistas adoram usar –, fizeram justamente o contrário. O texto que turbinou o fundão foi apresentado perto da meia-noite de ontem. A votação na Comissão Mista de Orçamento (CMO), pela manhã, foi rapidinha. No início da tarde, já em sessão do Congresso, os deputados optaram pela estratégia da votação simbólica na hora de votar o destaque do “golpe do fundão”. Com isso, impediram os brasileiros de saber como cada um deles votou — mas a votação do texto-base da LDO serve de algum parâmetro.

Em instantes, será a vez de os senadores, na sessão do Congresso ainda em andamento, se posicionarem: ou revertem a decisão da Câmara ou sacramentam um “golpe” em plena pandemia.

O Parlamento se gaba de ter feito muito na crise sanitária, apontando o dedo, com muita facilidade, para gestores locais e para o Executivo, com razão. Mas agora seria a hora de mostrar que não foi teatro e hipocrisia.

De novo: não se discute neste momento o tipo de financiamento de campanha; discute-se, sim, um aumento estrondoso do total de verbas públicas destinadas a que deputados e senadores tentem se reeleger em 2022. Tudo isso como se a dinheirama do Bolsolão, fruto do “orçamento secreto”, que já jorrou bilhões para as bases eleitorais, não fosse suficiente.

O “golpe do fundão” é tão revoltante quanto a postura de Jair Bolsonaro desde o início da pandemia. É a versão do “e daí?” de deputados e senadores.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Rafinha Bastos ironiza Globo por vídeo de jornalistas como atores

Visualizar notícia
2

E agora, Bolsonaro? As cenas dos próximos capítulos

Visualizar notícia
3

Moro defende Bretas contra Paes: “Delinquentes são seus amigos”

Visualizar notícia
4

Jojo Todynho e Luciano Hang, juntos para cancelar (preços altos)

Visualizar notícia
5

De que lado está Tarcísio?

Visualizar notícia
6

Bolsonaro sabia de plano para ‘neutralizar’ Lula e Moraes, disse Cid em depoimento

Visualizar notícia
7

Crusoé: As intenções de Putin ao ameaçar atacar os EUA

Visualizar notícia
8

Isolamento de Mourão livra ex-vice de vínculo ao golpe

Visualizar notícia
9

Crusoé: Milei melhorou economia argentina com mudança de mentalidade

Visualizar notícia
10

Haddad define valor do pacote de corte de gastos

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Gisele Bündchen reflete sobre o terceiro filho

Visualizar notícia
2

O comentário de Tarcísio sobre o indiciamento de Bolsonaro

Visualizar notícia
3

A reação de Netanyahu ao mandado de prisão

Visualizar notícia
4

A treta entre Paes, Bretas e Moro

Visualizar notícia
5

MP do TCU pede bloqueio de R$ 56 mi de indiciados por tentativa de golpe

Visualizar notícia
6

Bolsonaro buscou apoio, mas não conseguiu

Visualizar notícia
7

Virginia e Zé Felipe compartilham decorações de Natal

Visualizar notícia
8

"Quanto custa?”, pergunta Musk sobre a emissora MSNBC

Visualizar notícia
9

Crusoé: A preocupação de Merkel com Musk no governo Trump

Visualizar notícia
10

Isolamento de Mourão livra ex-vice de vínculo ao golpe

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

golpe do fundão Jair Bolsonaro Pandemia
< Notícia Anterior

Davati vende ilegalmente vacina contra gripe nos EUA

15.07.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

AO VIVO: a boiada e a bolada - Papo Antagonista com Diego Amorim

15.07.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

O que você acha dos alunos que gravam professores em sala de aula?

O que você acha dos alunos que gravam professores em sala de aula?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
A novela do corte de gastos do governo Lula: afinal, sai ou não sai?

A novela do corte de gastos do governo Lula: afinal, sai ou não sai?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Relação do Brasil com a China de Xi Jinping alcança um novo patamar

Relação do Brasil com a China de Xi Jinping alcança um novo patamar

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Janja se junta a Felipe Neto para xingar Elon Musk: passou dos limites?

Janja se junta a Felipe Neto para xingar Elon Musk: passou dos limites?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.